Campanha Autárquica – Matosinhos à Lupa




Viveu-se mais uma carreira de um espectáculo do teatro político! No palco de Matosinhos, os grandes aspirantes a protagonistas, o binómio Narciso Miranda / Guilherme Pinto, esgrimiram de uma forma nem sempre bonita pela conquista do pódio. Os cartazes dos candidatos, colocados em prazos bastante anteriores aos oficialmente definidos, ornamentaram locais estratégicos do concelho e provaram o talento inato de cada personagem para a arte da pose. A miscelânea de cartazes variava de tempos a tempos e, para além de desvendar a riqueza de sessões fotográficas e poses não tão sensuais assim, exibia o pote de “moedas de ouro” esbanjado em tamanhas campanhas de propaganda!
Ao lado das contas pouco transparentes, o duelo público entre o Sr. Miranda e o Sr. Pinto, interrompido ocasionalmente por um pára-quedista que, pendurado em “aeróstato estrangeiro”, surgia para irromper alguma monotonia política ou discursos viciados, arrasava, muitas vezes, com a campanha de partidos com menos photoshop. As máscaras usadas pelos três “gigantones” da campanha matosinhense, e refiro-me, por exemplo, aos acessórios pessoais oferecidos ou até mesmo à Narciso Fashion, as t’shirts distribuídas em massa, pareciam servir a um povo despido de valores políticos mais profundos. E quantos mais brindes eram cedidos mais a histeria era o nível de resposta de um eleitorado levado por este baile de disfarces!
Ainda distante desta realidade circense que, aparentemente, hipnotiza a entretém as mentes do eleitorado local, o Bloco de Esquerda moveu-se, ainda que timidamente, em comparação com a actividade autárquica de 2005, de forma coerente e com objectivos bem definidos. Visivelmente sofrendo o golpe propagandista da concorrência desleal das campanhas avassaladoras do PS, Narciso Miranda e PSD, o B.E. manteve a autenticidade das propostas que o caracteriza, embora na estratégia de acção prática tivesse carecido de um maior plano de intervenção directo junto das pessoas e dos problemas reais. Se a bipolarização em nada ajudou na conquista de novos lugares de representatividade e intervenção, a falta de contacto suficiente com as populações prejudicou, na minha perspectiva, a campanha autárquica do Bloco.
Tal como na campanha autárquica há quatro anos atrás, em que o trabalho de campo foi mais intenso, a última campanha deveria ter sido desenhada com vista a uma maior participação na vida da comunidade, a uma maior conversa com as pessoas, com as associações e colectividades… Apesar da dedicação genuína de alguns militantes e simpatizantes, faltou um melhor planeamento de intervenção e sensibilização local, faltou a existência de grupos a manifestarem-se publicamente e a denunciarem problemas de uma forma mais assídua, activa e criativa. Se o desperdício financeiro dos senhores Pinto, Narciso e Aguiar os auxiliou, de certa forma, a se destacarem de um palco, muitas vezes, sem luz, o Bloco de Esquerda, para além de usar a sede pela concretização prática do conceito autêntico de liberdade e democracia como ingrediente essencial, deveria ter usado mais da sua criatividade, sensibilidade e humanidade para tocar as pessoas e assim se fazer sentir mais perto e acessível. Um pequeno exemplo disto é a iniciativa do Bloco, que fechou as cortinas da campanha autárquica de 2009. A união, a autenticidade e a energia transpiradas pelo grupo que percorreu as ruas de Matosinhos naquela tarde solarenga de Outubro provaram que algo foi subestimado nos planos de acção da campanha. Deveriam ter-se feito mais acções de rua como esta ao longo do percurso percorrido!...
Mas isto não é derrotista! Que esta última acção seja antes um exemplo para que se desenvolvam mais iniciativas do género, que permitam o B.E. afirmar-se como a esquerda e a alternativa de confiança, que se distingue por um política apaixonada e subversiva!
Deitando abaixo qualquer ideia ou demonstração patética de politica populista, demagoga, corrupta, oca… Incendeio com esperança o caminho, nunca simples, de uma jornada que se quer agitada, entusiasta e combativa, para assim podermos chegar a um dia e saborear uma mudança radical, que conduza a uma sociedade mais justa e livre!


Ana Garcia


0 comentários:

Enviar um comentário